
Nascido em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 10 de dezembro de 2002, Felipe Borges veio ao mundo diferente das demais crianças. Já que logo que nasceu, foi diagnosticado com um tipo raro de nanismo.
Porém a família de Felipe não teve problemas em lidar com a notícia e conseguiu manter o ânimo, uma vez que o convívio com a deficiência já era conhecido: seu pai apresentava cegueira total adquirida quando tinha 15 anos e sua irmã havia nascido três anos antes também com nanismo.
No entanto, apesar de todo o apoio da família, sua vida não foi tão tranquila quanto parece. Até os 14 anos, Felipe passou por 17 cirurgias e precisou respirar por traqueostomia durante todo esse tempo, mas isso não foi capaz de desanimá-lo e perder a vontade de praticar esportes, principalmente do futebol.
“Nada disso tirou minha força de vontade e meu amor pelo esporte, sempre gostei de futebol e, mesmo quando não podia andar direito, já jogava com meu pai. Também jogava com meus amigos na escola, então sempre fui do esporte”, conta.
Felipe passou grande de sua vida na cidade gaúcha de Novo Hamburgo, onde ficou até os 15 anos, até se mudar para Porto Alegre há 2 anos — a decisão foi tomada para facilitar a rotina universitária de sua irmã Francielle, que à época estava iniciando o curso de administração na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), localizada na capital gaúcha. Hoje está no sétimo período.
“Novo Hamburgo era uma cidade bem maravilhosa e calma, já estava acostumado a morar ali, eu estava no sétimo ano e já tinha vários amigos e eu acabei os perdendo. Foi uma decisão bem complicada para mim, não conseguia aceitar muito”, relata.
Mas o que Felipe não esperava era que essa mudança tão contestada e difícil no começo, lhe traria boas surpresas. Foi em Porto Alegre, por exemplo, que Felipe teve seu primeiro contato com o esporte paralímpico, em 2019.
Começou no Parabadminton, modalidade na qual participou e foi campeão das Paralimpíadas Escolares pela categoria sh6, e logo foi convidado também para o Atletismo, pela categoria f40, e para o Futebol de Baixa Estatura. Era o que Felipe precisava para se sentir realizado em Porto Alegre.
“Quando me mudei para Porto Alegre, eu não sabia que existia esporte para pessoas com nanismo. Quando descobri, fiquei muito empolgado, principalmente pela igualdade de condições, já que todos têm a mesma faixa de altura”, celebra.
Sempre com a família, Felipe é torcedor do Grêmio e conta que sua vida fora de quadras é um pouco mais difícil do que gostaria devido a falta de acessibilidade nos lugares em que enfrenta. Mas, nem por isso, deixa de ter prazer de viver e incentiva que os outros façam o mesmo, principalmente aqueles que reclamam da vida, com o título de uma música que seu pai tanto gosta de ouvir: “é preciso saber viver”.