
Hoje, vamos contar a história de Jessica Oliveira de Lima, paratleta carioca de atletismo, natação e surfe ,de apenas 15 anos.
Nascida em 5 de novembro de 2004, Jessica teve uma infância como a de qualquer criança, até ser diagnosticada, aos 10 anos, com Meningite Meningocócica — doença bacteriana, rara e praticamente incurável, que compromete a circulação sanguínea e pode levar à necrose dos tecidos.
Foi um período de verdadeira luta pela sobrevivência e que resultou na amputação dos membros superiores e inferiores de Jessica. Porém, o mais importante: a batalha foi vencida, sempre a com a ajuda de sua família e de sua fé, resiliência e, sobretudo, de sua enorme vontade de viver.
“Nenhuma palavra poderia descrever a minha conexão com Deus e o quanto sou feliz por ter a minha imensa fé. Independente de todas as minhas dificuldades sou muito feliz por poder viver”, relata.
Ao escolher viver, ela passou a transformar sua nova realidade e suas dificuldades em oportunidades para recomeçar e buscar a melhor vida que pudesse ter mesmo com as limitações impostas pelas amputações e com a internação no hospital.
Passado um tempo das amputações, ainda teve que enfrentar um novo desafio: desenvolveu uma infecção generalizada e, por conta dos fortes medicamentos que precisou receber, perdeu a audição, além de passar por cirurgias e um ano e dois meses no hospital.
Depois de muita luta e superação, Jessica passou a enxergar o lado positivo dos ocorridos e entender que tudo na vida acontece por um motivo.
“Por mais que tenha sido um grande sofrimento, no fim, tornaram-se grandes ensinamentos para mim”, avalia.
Vida pós-amputação
Jessica deixou o hospital em julho de 2016 e, a partir daí, precisou encarar uma nova realidade fora do local em que passou por tantas transformações e por tanto tempo em sua vida. Foi aí que ela conheceu o esporte paralímpico.
Sua relação com o esporte começou durante os Jogos Paralímpicos do Rio 2016, realizados apenas dois meses depois da sua alta hospitalar, no qual Jessica pôde conhecer a Natação Paralímpica, modalidade que sempre pensou em fazer, mas tinha medo e insegurança.
“Ter presenciado de perto, para-atletas de natação concluírem a prova, com muita garra, foi uma força muito especial para mim. Foi uma luz e inspiração muito boa, de mostrar a todos o quanto somos capazes”, emociona-se.
Tal experiência foi fundamental para que ela se convencesse em entrar para o esporte que tanto gostava, e foi isso que aconteceu: em junho de 2019 foi convidada para integrar a base paralímpica do clube Vasco da Gama..
Jessica foi muito bem recepcionada na equipe carioca e recebeu todo o apoio profissional para que pudesse treinar o esporte que tanto sonhou.
Com os treinamentos, ela passou a descobrir a importância dos treinos em seu cotidiano e a vislumbrar saltos cada vez maiores em sua recém-começada carreira paradesportiva.
“Cada treino tem algo novo para aprender e evoluir, exigindo muito foco e força de vontade. Creio que muito em breve com muita garra estarei disputando competições na natação paralímpica”, projeta ela, que também pratica atletismo e surfe.
A partir daí, ela passou a dividir seu tempo com as três modalidades, os estudos, palestras motivacionais e participação até mesmo em publicidades, como a campanha da empresa farmacêutica GSK para a conscientização sobre a meningite.
Neste mesmo período, em agosto de 2019, ela também passou por um moderno procedimento que mudou drasticamente a sua vida e que lhe garantiu uma audição melhor e mais avançada: a colocação de um implante coclear.
“Eu comecei a usar aparelhos, mas não foram úteis, pois eu perdi a discriminação da fala. Hoje, com o implante, estou tendo um desenvolvimento melhor na escola, em ligações e lugares público. Também .estou podendo ter facilidade maior em ouvir músicas, que é uma das coisas que mais amo”, conta.
Jessica é mais um exemplo de como o esporte transforma vidas, seja proporcionando experiências inexplicáveis, amizades do bem e formas de superar as dificuldades diárias.
“Nos dias de hoje, eu me sinto viva, graças aos esportes que pratico, pelas minhas escolhas na vida e ao carinho que recebo de todos as pessoas que fazem parte do ciclo da minha vida. Que possamos todos lutar pela igualdade humana e que todos possamos ser vistos e definidos como grandes atletas, pois nós não somos a nossa deficiência, mas sim o que escolhemos nos tornar”, conclui.